quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Madrugada
terça-feira, 7 de julho de 2009
A lua está bonita
Hoje a lua está bonita, como tu, é noite de lua cheia, e desde que me lembro, que me perco a olhar para ela, fica tão bem assim brilhante, amarela, pálida, branca. Olho para ela, para ti, deixo-me levar por ela num turbilhão de imagens, de sonhos e ilusões. E assim fico, esquecido de tudo, sozinho com ela, contigo, imagino um abraço, o nosso abraço. Vejo-a no céu e a ti na terra, ela reflecte a tua beleza, já que o horizonte não permite ver-te, pedi à lua para ser o teu espelho, para me deixar olhar para ti, por ela.
Vinha no caminho a ver a lua, a ti, e imaginei que somos tal como aquela história da águia e do lobo, eu lobo de noite e tu águia de dia, e assim ficamos sem nunca nos ver, apenas na lua te vejo, apenas nela me perco contigo, com ela. A diferença não é muita, mas o suficiente para eu acordar e tu ainda mal teres adormecido, eu adormecer e tu mal teres acordado. Ainda para mais, parece que me deixas, sozinho, não falas comigo, eu falo contigo, com ela, mas o som só viaja numa direcção, e o eco é a mais pura das mentiras.
Não me perdoo de to ter dito, pelo menos tão tarde, devia ter sido mais cedo, antes de qualquer ida tua de volta, com ela, para ela, contigo. Fugiste assim que soubeste, mentira, eu é que fugi, não disse, escrevi cobardemente, como quem tem medo de morrer, quem tem medo de enfrentar a vida, foi assim que te enfrentei, contigo, comigo, com ela. Ela, a lua, deixou-me ficar e viu-te partir, não me disse nada, não me avisou, por outro lado já tu o tinhas dito, já tu me tinhas informado da tua partida, há muito tempo, não é desculpa válida. Eu sabia, e tu não, eu escrevi e tu não, ficas-te a ler, a contemplar o que tinha escrito, e respondes com a razão, aquela que eu perdi faz tempo, tempo desde que te conheci, não a primeira em que te vi, mas a primeira em que falei contigo, com ela.
Apaixonei-me por essa tua vontade, por essa força que tens, pelo teu ser amoroso e solidário, humilde e carinhoso, por toda aquela luz que emana de ti, porque a ti a lua te deu a benção, e a mim apenas o reflexo do que és, apenas uma mísera parte do que representas para mim, para ela. Caeiro disse pensar é sentir, tocar, cheirar uma flor, mas não consigo porque tu não estás aqui comigo, vejo-te, imagino-te, naquele reflexo lunar que me aprisiona a essa luz que emana de um astro que aprendi a amar, um pedaço de terra que brilha no céu estrelado, e que nem as estrelas todas juntas conseguem ofuscar.
A noite está linda, o céu está limpo, a lua está cheia, cheia de ti, de mim, de nós. Consegues ver-me, sentir-me na lua. Eu consigo, ver-te, imaginar-te a olhar para ela, como eu olho, como ela. É tarde, e a noite não me deixa continuar, pede-me vagarosamente que me deite, adormeça e que vá sonhar, contigo, com ela, com nós.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Dás-me azar
Dás-me azar, dás-me azar, dás-me azar. Desde que te conheci que a minha vida tranquila se transformou num turbilhão de emoções, pensamentos, ideias, vontades, demasiado para mim, para o meu coração. Passo horas a pensar em ti, em nós, no passado, presente mas sobretudo no futuro, perco-me nesses “filmes” que invento a todo o minuto, perco-me nas palavras que trocámos, guardo a mensagem que enviaste, a última que recebi de ti. Prezo esse último momento em que eu e tu nos podíamos ver. Agora não dá, estás longe, do outro lado do mundo, e posso dizer que és a “mulher da minha vida”, aquela que nunca mais vou ver, aquela onde perdi a minha razão e ganhei um coração. Se perguntares a qualquer dos meus amigos verás que não te minto, estou lá com eles, pelo menos o meu corpo, o resto vagueia contigo, procura-te nos meus pensamentos, nas minhas memórias. Atravesso o sistema solar quando olho para a lua, e volto num segundo ao local onde estás, ou pelo menos onde penso que estás.
Dás-me azar já te tinha dito, mas não me canso de o dizer. Perco tudo, qualquer jogo, já nada me dá prazer. Jogava à sueca e ganhava, desde que partiste deixei de ganhar e agora já nem jogar posso, é proibido agora. Desde que partiste o meu carro já teve de ir para o mecânico, escaper partido, discos empenados, pára-choques partido, farol partido, o azar persegue-me, e a culpa é tua. Dizem eles “azar ao jogo, sorte ao amor”, mentira, dás-me azar em tudo. Estou a dar em louco, estou a ficar cego, estou a ficar com o cabelo branco. A minha cabeça vai explodir e o coração partir. Vai partir para ir ter contigo, a minha mente vai com ele, mas feita em pedaços, pode ser que o consigas montar, duvido, primeiro vais ter de conseguir apanhá-lo.
Dás-me azar, aquilo que escrevo está a perder o sentido, já nem uma frase direita consigo escrever, e a culpa é tua, não me deixas parar de pensar em ti, de gostar de ti, de amar a ti. Sou um cobarde, nem contigo consegui ficar, a distância separa os nossos corpos, tu não queres, mas não quiseste evitar, como que quiseste jogar comigo, brincar um pouco a ver até onde eu era capaz de ir. Cheguei à meta e quase desfaleci, batimento cardíaco irregular, com picos a cada inalação, os pulmões do tamanho de laranjas, ofegante, tonto, cheio de ilusões. Morri nos teus braços, culpa tua, cai no chão e ali fiquei a olhar para ti, o teu cabelo loiro ao vento flutuando, e esses olhos, esses malditos olhos castanhos onde me perdi, assim ficaram a olhar para mim com ar vitorioso e no entanto quase choraram. Eu chori, não lágrimas, antes sangue, chorei por dentro, senti todo o meu corpo a chorar, derrotado daquela maneira, por uma coisa tão insignificante, e tu bela dali voaste, foste embora, abandonaste-me, e eu perdi-te.
Dás-me azar, perdi-te duas vezes, no Porto, no meu país. Fugiste com medo, não de mim, de nós, imaginaste como eu imaginei, como seria o nosso futuro, nós dois juntos para sempre, a “mulher da minha vida” por quem me apaixonei não à primeira vista, mas sim na segunda, terceira, quarta vista, cada vez que te via, mais depressa crescia este amor que agora sinto. Cresceu a olhos vistos, parecia uma criança que salta anos de desenvolvimento desde bebé até à adolescência numa questão de dias, e em semanas era já um jovem adulto pronto para enfrentar o mundo, enfrentar-te a ti, foi ele que me remeteu à loucura, à cegueira, foi ele que me deu coragem de te dizer o que sentia, o que sinto, o que não quero deixar de sentir. Pediste-me desculpa, eu é que o devia ter feito, disseste-me “don’t worry”, como posso acreditar nessas palavras se foste embora, se me abandonaste, se me deixaste a mim e aos meus pensamentos, ao meu amor por ti, se me condenaste ao infortúnio, dás-me azar. Fiquei eu e os meus “filmes”, os meus argumentos, os meus guiões, as personagens separam-se no início da película para não mais se encontrarem, nunca daria resultado disseste, somos de mundos diferentes, no entanto ambos se chamam Terra.
Dás-me azar, dás-me azar, dás-me azar, já nem dormir consigo, nem no sono me dás descanso, nem nos sonhos tenho sorte. Dás-me azar, perdi-te no mar, o horizonte levou-te, e deixou-me deste lado a admirá-lo à espera de te ver, nunca na minha vida olhei tanto para ele, o Oeste, para a Lua, para o céu, as nuvens, para o infinito da minha mente, procurando ver-te. Dás-me azar sabias?
Penso em ti
Já pensaste como me custa ficar assim, sem ti, sem ninguém? Apenas eu, e só eu. Simples vagabundo errante, por esse mundo fora ando, tento esquecer-te, apagar-te da minha memória, das minhas recordações, aqueles momentos que passámos juntos, poucos mas sempre bons. Fazia-te companhia e tu a mim, ficava só enquanto falavas com as tuas amigas, e perdia-me assim a olhar para ti. Imaginava um futuro a teu lado...
Ainda o faço e no entanto aí estás tu, e eu aqui fiquei, à espera de um dia talvez, voltar a ver-te, voltar a sentir-te, tocar os teus cabelos, sentir o teu perfume, ouvir a tua melodia que me enfeitiçou e levou contra as rochas da amargura, da solidão, assim perdido, esquecido, esventrado de qualquer sentimento por outro alguém senão tu. Abandonas o meu corpo moribundo nessa estrada perigosa, reflexo de um inferno...
Um inferno escuro, sombrio, de trevas deixadas assim, almas perdidas como a minha agora ficou. Procuro por ti, "procuro à noite um sinal de ti, quem eu não esqueci". E não quero esquecer, ficar sempre contigo é o que desejo, abraçado, enlacemos as mãos e assim fiquemos à beira rio, ver o tempo a passar, tudo a mudar e nós sempre iguais aos olhos um do outro, tu a mulher que amo, e eu o felizardo que quiseste aceitar.